MEGAZINE

O Globo On line - 29 / 01 /2002


Régua de onda gigante

Tulio Brandão


Surfista tem um pouco de pescador. Entrega a vida ao mar e não tem idéia do tamanho de seu peixe preferido, a onda. Costuma compará-la a prédios e montanhas, mas não por vocação para o exagero. É que, até hoje, não inventaram um medidor de ondulações para massas de água como as de Mavericks, que poderão ser vistas em cinema no “Surf adventures, o filme”, a partir desta sexta-feira. A criação de prêmios milionários para os caçadores das maiores ondas do planeta, no entanto, está apressando a criação de um método científico de medição.

Não faltam idéias. A Megazine consultou o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e descobriu que o laboratório de visão computacional Visgraf é capaz de criar um tira-teima das ondas.

— É complicado, porque a onda não tem forma definida, é dinâmica e não é sólida. Mas há saídas possíveis com a visão computacional. Com câmeras posicionadas em ângulos diferentes, poderíamos obter várias imagens em perspectiva e, através dos recursos do computador, medir uma onda — explica o pesquisador Luiz Velho, que coordena o laboratório Visgraf ao lado de Paulo Cezar Carvalho.

Bill Sharp, organizador da expedição Billabong Odissey, pretende medir ondas gigantes em alto-mar com o apoio de um Global Position System, aparelho que fornece a posição de um ponto no espaço.

— O GPS, preso ao surfista, mediria a altitude a partir da crista até a base da onda. Tentamos também a opção de um leitor ótico que usaria raio laser — explica o organizador.

Enquanto não inventam a régua das ondas, as empresas que premiam as maiores ondas surfadas medem paredes de água usando apenas fotos como prova e a altura do surfista como base de cálculo.

— É um método muito impreciso, até porque a onda muda de tamanho de acordo com o ângulo da foto — critica Carlos Burle. — Hoje, o único parâmetro seguro que temos são as bóias em alto mar. Mas me preocupo apenas em pegar as minhas ondas.

O colega Rodrigo Resende também foge da matemática:

— Que metro que nada, só quero é tirar aquele tubão...